Devemos cobrar mais impostos dos ricos?

Já disse que uma das coisas mais importantes em se entender de economia é que o dinheiro funciona da mesma forma em todos os pontos da economia. O dinheiro do governo é o mesmo do empresário, que é o mesmo do médico, que é o mesmo do operário. Dessa forma, com analogias, você consegue perceber melhor uma péssima ideia.

Peguemos um exemplo simples: Taxar mais os mais ricos (defendido, hoje, pela Luciana Genro). Os mais ricos são ricos porque investem esse dinheiro, ou seja, esse é o “trabalho” deles. Então comecemos por isso para entender o problema.

Imagine, numa empresa qualquer, que seu salário seja dependente da sua produtividade, ou seja, receba comissão. Por outro lado, a partir de certo salário, ele fica muito alto, digamos, 30 mil reais e a empresa não te paga mais independente do quanto você trabalhe. Ora, o que qualquer pessoa normal faria nesse caso?

Interpretaria tal quantidade de trabalho como uma meta e depois disso, ficaria em casa sem trabalhar, o trabalho do mês já foi feito. Se a empresa, por passar dificuldades financeiras, vai reduzindo esse limite (vamos pagar só 15 mil agora), as pessoas vão trabalhando cada vez menos e a empresa vai rendendo menos dinheiro.

Passando para os números: você é um vendedor, não tem salário e recebe 1% do valor vendido. Com esse limite, se você vender 3 milhões, ou 5 milhões, vai ganhar o mesmo. Então todo mês, depois de vender 3 milhões, você fica em casa. Um empresário que depois de valor x passe para uma tabela absurda de taxação de impostos (Para a Luciana Genro, o limite é 50 milhões de patrimônio), todo empresário do país iria se manter no patamar de 49 milhões.

Veja bem, isso não é porque são empresários malvadões. Quando Lula facilitou o crédito, o povão também preferiu se endividar à fazer poupança. Quando um órgão estatal recebe menos verba porque no ano passado eles economizaram, a tendência é começar desperdiçar mais. Todo ser humano, em qualquer época, em qualquer país, sempre evitou trabalhos inúteis ou até mesmo que causem prejuízo. Pra que se esforçar se não vai render nada?

Isso significa dizer que limitar os salários, limita também a produtividade. Então voltemos ao caso original: Um investimento é um tradeoff, ou seja, uma escolha de onde gastar seu dinheiro, você pode gastar em passivos (comprar um carro, gastar em festas) ou em ativos (ou seja, investir em algo que vai dar lucro). Se a partir de valor x, o rendimento não rende, os ricos vão deixar de investir e vão começar, ao atingir o limite (na época do ocupe wallstreet existiam pessoas defendendo taxação de 100% em tudo que ultrapassasse o lucro anual individual de 5 milhões), a gastar em bens de consumo.

Mesma coisa ocorrem com o caso da Luciana Genro: Cobrando 5% da fortuna, uma pessoa com 50 milhões precisaria ganhar 210 mil reais por mês para manter sua fortuna onde está. Se ele gastar esses 2.5 milhões em bens de luxo que gerem despesa e que percam valor (como comprar um Iate), ele terá trocado, ao final do ano, um Iate em NADA. Ou seja, consumir mais luxos, renderiam, por ano, 5% a mais que investir na indústria nacional ou no mercado financeiro.

Se você para pra olhar a estrutura capitalista, isso significa tirar dinheiro do investimento de fabricação em massas (como não investir em ações da Volksvagen) para comprar Ferraris. O dinheiro ficaria mais “caro” para as empresas que produzem em massa, enquanto as empresas de luxo terão um boom. Todos os empresários se adaptariam à essa nova realidade do mercado, com uma fuga de capital dos bens de 1° necessidade (que são lucrativos e por causa do imposto, inúteis), para os bens de luxo (porque os ricos precisam continuar enriquecendo para continuar gastando).

Isso significa dizer que, no médio e longo prazo, num universo ideal onde se considera que empresários não tem ligações com governos, não sonegam, não fazem evasão fiscal e não investem em países estrangeiros, ou seja, num universo onde empresários sejam bonzinhos e patriotas, o resultado óbvio e direto dessa manobra é aumento na desigualdade social só de supor que empresários são seres humanos tão morais quanto os pobres (e sabemos que via de regra, multimilionários são bem menos morais que os pobres).

E essa é a justiça social defendida pelo pessoal que usa muita matemática e pouco raciocínio: Tirar dinheiro de investimento de, sei lá, de fábricas de alimentos, para colocar em comidas artesanais que são inacessíveis à população média.

2 comentários

  1. Provavelmente o autor do artigo acha que só ele nasceu com cérebro e que ele pode falar qualquer asneiras e todos irão acredita, só porque ele disse. Bem, um imposto que aumente gradativamente conforme os ganhos do empresário não o faria deixar de trabalhar quando atingisse os maiores índices na cobrança de imposto, pelo simples fato de que atingido esses valores mais graudos dos impostos, após isso ele não deixaria de ganhar, mas apenas ganharia menos. Portanto, amigo, nem adianta tentar dar o golpe do vigário para defender o bolso desses riquinhos sacanas. Pau neles, Luciana Genro!

    1. Não suponho que o cérebro é uma exclusividade minha, só acho que algumas pessoas preferem simplesmente não o usar corretamente, assim como preferem ignorar a lógica básica: 5% de 50 milhões é um milhão de reais que ele vai pagar todos os anos independente dele ganhar mais ou menos que isso, ou seja, um risco desnecessário pro empresário. Se acredita que é mentira minha, tire todo e qualquer dinheiro que você tenha na poupança e coloque num fundo de investimento (que paga Imposto de Renda independente de ter lucro ou não).

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