Autor: Matheus Oliveira

Uma pessoa comum, ou quase isso.

Fast Food – A respeito dos Swaps cambiais

Leio hoje, na Folha de São Paulo, que “Dilma gasta 3 anos de Bolsa Família para tentar conter alta do dólar“. Isso me deixou meio indignado e explico, abaixo, o porquê.

O Swap cambial funciona assim: Ninguém quer perder dinheiro e portanto, ninguém compra moedas de países ferrados. Para aumentar a segurança no valor daquela moeda, o governo faz um contrato (swap) que é uma espécie de aposta: O governo vende uma quantidade X de reais em troca de Dólares, num contrato. Se o Real valorizar, o governo ganha essa valorização, se o Real desvalorizar, o governo recompra o contrato pelo preço original (mesmo que hoje o Real valha menos). Esse processo controla o preço da moeda e impede variações monstruosas, o que pode dar uma sensação de estabilidade num governo capenga, mas custa uma grana MONSTRUOSA pra isso.

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A respeito da meritocracia

Diariamente leio vários amigos e colegas criticando a ideia da meritocracia. Argumentos, bem construídos as vezes, apontam o óbvio: O rico e o pobre tem condições de vida distintas e o primeiro tem mais oportunidades que os outros. O problema é que não existe uma única pessoa na direita, nem mesmo o mais radical e estúpido direitista do planeta, que afirme que todo mundo tem as mesmas oportunidades. Se trata de uma luta entre Dom Quixote e os moinhos de vento.

Os argumentos “meritocráticos” podem ser resumidos em 2 grandes grupos, então fica ai a compreensão pros amigos de esquerda entenderem e pararem de combater espantalhos:

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Queixa-crime contra a injuriosa realidade

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito

Eu, Severino de Maria, nascido e residente do nordeste, onde tem milhões de Severinos, filhos de Maria do finado Zacarias, cada um vivendo a mesma vida Severina, venho por meio desta exordial entrar com queixa-crime por injúria com pedido de cautelar em face do coletivo, sem pessoa jurídica registrada, conhecido pela alcunha de REALIDADE.

I – Dos fatos

O coletivo REALIDADE, réu desse processo, está a diversas décadas ofendendo a dignidade de todo o nordestino, repetindo afirmações verídicas, mas nem por isso menos ofensivas. O réu afirma a todos que estiverem dispostos a ouvir, que a região nordestina vem gerando déficits ano após ano, acumulando séculos de exploração das outras regiões, que são obrigadas a produzir e dividir seus benefícios. A REALIDADE acusa o nordeste, ainda, de exportar para o governo federal os piores políticos do país, os mais demagogos, incompetentes e inúteis. Acusa, ainda que nossa excelsa região é terra sem lei, extremamente violenta, possuindo os municípios mais violentos do país, onde existem donos dos estados, que mandam e desmandam. Ora, é fato notório que os nossos excelentíssimos líderes são homens honrados e preocupados em proteger nossa cultura de todos aqueles que se infiltrem nos poderes, ansiosos por destruir nossa excelsa condição nordestina e introjetar valores sulistas e imperialistas como “devido processo legal”, “liberdade de expressão”, “oposição” e “alternância no poder”.

O réu ofende, ainda, todos aqueles nordestinos que trabalham dia e noite, acusando-os de serem incompetentes e improdutivos, por se negarem a aplicar novas tecnologias, pois é fato notório que geraria desemprego, além de acusar os prefeitos e governadores de corruptos porque garantem emprego a todos os nossos cidadãos dentro dos cargos comissionados. Ora, o que importa é que o nordestino é trabalhador, pouco importa se faz trabalho produtivo. É uma manipulação hedionda da REALIDADE querer exigir do nordeste resultados. Fazemos nossa parte ao trabalhar, se a REALIDADE nos sabota não dando os resultados que desejamos, nada podemos fazer além de recorrer em litígio.

Imagino que não resta dúvida a respeito da injúria diuturna e perene causada pela REALIDADE contra todos os nordestinos. Resta-nos, somente, conjecturar sobre resultado catastrófico que teríamos se fossemos obrigados a nos submeter ao desígnios do réu.

II – Do direito

O ordenamento jurídico prevê, no art. 140 do Decreto-Lei 2848 que se trata de crime “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”. Jurisprudência do Pretório compreende ainda a xenofobia como uma das interpretações do § 3 do supracitado artigo. Compreende a doutrina a injúria como um crime de ofensa ao sentimento subjetivo de dignidade, contra o qual não cabe o direito de prova da verdade. A REALIDADE se mistura ao ordenamento jurídico nacional, usando sua própria palavra como se provasse algo, restando somente ao povo nordestino se proteger de seus tentáculos através da proteção psicológica. Tal qual o esquizofrênico, somos nós vítimas do réu, precisando que nos escondamos sob proteção da insanidade, para que ela não destrua nossa alma e força de vontade.

O ordenamento jurídico pátrio prevê, ainda, que nós temos direito à isonomia material, de sermos tratados igualmente. A REALIDADE nos nega o direito fundamental, afirmando que as pessoas são diferentes, o que é um absurdo. Quem a REALIDADE julga que é ao querer ser superior as leis criadas por nossos excelsos parlamentares? A REALIDADE afronta a democracia e ao estado de direito, atrapalhando nossos políticos no seu trabalho de fazer o impossível. A carta magna é suprema e inquestionável, cabendo a REALIDADE submeter-se aos mandos da mesma, permitindo aos nossos funcionários públicos executar seu dever-poder.

III – Dos pedidos

Concluo a inicial com a lista de pedidos em face da REALIDADE

1) Peço que o judiciário investigue para listar os indivíduos que formam esse grupo chamado REALIDADE, para condená-los devidamente.

2) Peço a condenação do réu pelo art. 140,§ 3o do Decreto-Lei 2848.

3) Peço ainda que o judiciário obrigue a REALIDADE a se adaptar a descrição de justiça dos nordestinos, onde chove mel e cai pão dos céus do sertão, onde inexiste dor, calor e frio, onde todos são irmãos, onde tudo é abundante e onde existe a verdadeira felicidade e amor na alma de todos os nordestinos.

4) Peço ainda, medida cautelar em face da ré, para que ela se comprometa a suspender a eficácia do conjunto normativo paralegal conhecido como “leis da física, da química e da natureza”, para garantir que a execução de tal processo não seja prejudicada por eventual contratempo gerado pelo réu.

Nestes termos, pede deferimento.

Limites da Paraíba, Nordeste

Severino da Maria do Zacarias lá da serra da Costela.

A lição que o Brasil deveria, com urgência, aprender

No dia de hoje, onde Dilma entra no seu segundo mandato com mentiras e palavras de ordem repetidas por séculos (mais educação, saúde, combate a corrupção), talvez devessemos prestar atenção em um outro discurso.

Em 1981, Ronald Reagan se tornou presidente dos Estados Unidos da América, onde ficou até 1989 e lançou um discurso que reafirmou o que levou aquele país a se tornar a maior potência do mundo. A transcrição total do discurso está presente aqui e o video do discurso está aqui, mas traduzi e adaptei algumas partes mais importantes, onde ele reafirma todos os valores americanos da liberdade, caridade, moral e criatividade, que transformou um conjunto de 13 estados num dos países mais poderosos da história da humanidade. Deixo que Ronald Reagan fale por mim:

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“Não mereço mulher rodada” e a politização de tudo

Descobri hoje que está rolando uma campanha “não mereço mulher rodada” e gostaria de falar uma coisinha: Por favor pessoal, para que tá passando vergonha.

Primeiro, vamos ser bem claros num ponto: Ninguém é obrigado a se relacionar com ninguém. Não existe essa de “machismo” ou “preconceito”. Eu posso ter como regra que só quero mulheres virgens, assim como posso estabelecer que só quero mulheres que tenham uma cicatriz no pescoço, ou mulheres que usem óculos. Cada pessoa tem suas preferências. A escolha de quem será sua esposa, aliás, não é objetiva. Eu posso estipular 30 características, surgir alguém que se encontre perfeitamente nelas e recusar. Ninguém é obrigado a querer ninguém e não é esse o problema.

O problema desse movimento é que ele mostra um fenômeno social, a politização de tudo. Esse movimento eu imagino que tenha vindo de redutos da direita conservadora anti-feminista — onde sobra vontade de salvar o mundo e falta, na maioria das vezes, vontade de estudar como o mundo funciona — e por causa disso, ele cai numa armadilha política, sem perceber: Essas pessoas só conseguem ver o mundo como uma guerra política. Pensemos um pouco mais sobre isso:

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Fast Food – Os 3 tipos penais

Estou escrevendo um artigo abordando a corrupção de modo geral, só que me deparei com o problema de faltar uma classificação geral para os tipos de crime. Para fazer isso, peguei emprestado as ideias básicas de Miguel Reale (“Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza” e “aquele que causar dano, deverá idenizar”), assim como o conceito da ética de Rothbard (coerção e violência) para chegar numa classificação tríplice, que engloba todos os atos que devem ser analisados pelo direito penal.

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Fast Food: A ditadura de 64

Pessoal fala muito da Ditadura de 64 e tem gente pedindo intervenção militar, mas é bom frisarmos um ponto muito importante: Apesar de ser uma ditadura (e ser uma merda por isso), o Brasil deu MUITA SORTE nela. Explico:

1° – Do ponto de vista de ditaduras, 64 foi até bem pacífica. Em 70 tinhamos 94 milhões de Brasileiros praticamente. As vítimas são aproximadamente 2 mil em duas décadas. Ou seja, cem pessoas por ano. consideremos ditaduras relativamente pacíficas, que contaram com apoio da população e praticamente só mataram a oposição (e vou ser ainda mais gentil, pegarei a população de HOJE):

Cuba de Fidel teve 17 mil mortes em 11 milhões de pessoas, 72 vezes mais do que a ditadura brasileira. Chile de Pinochet, 20 mil mortos em 17 milhões de pessoas, 55 vezes mais do que a ditadura Brasileira. Che Guevara, sozinho, mandou matar 1800 pessoas, ou seja, um único homem numa ilhota matou mais do que duas décadas de ditadura.

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O piá do prédio vs O Excelso ser – Parte II

No texto passado, ficou algumas lições básicas sobre a lei e a moral e suas diferenças. Me focarei em três aspectos da lei nesse texto: A coerência interna (segurança jurídica), o uso da violência para cumprir seus objetivos (coerção) e o princípio norteador da lei democrática (isonomia). Para tanto, é necessário explicar o valor de cada uma das três coisas e assim poderemos, dessa vez, entrar no assunto que é: Casais homossexuais adotando crianças abandonadas.

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O piá do prédio vs O Excelso ser – Parte I

Esse é um texto difícil de começar a escrever, porque quero fazer o exato oposto do que me manda os instintos. Cresci lendo pessoas que debatem com sangue nos olhos e admirando esse tipo de gente, que fala a sua opinião sem falsas delicadezas ou modéstias, de forma direta e clara. O instinto básico, para mim, é seguir esse tipo de embate, que vemos, por exemplo, na acidez do Olavo de Carvalho ou no sarcasmo do Ben Shapiro. Mas lembrei do grande debate do Flavio Morgenstern contra o Igor Fuser e acho que as pessoas que tem algum interesse em ver a sociedade melhorar deve buscar não debater como um político que deseja vencer, mas tentar informar e expor sua opinião, com tranquilidade e serenidade. Então, no lugar de responder pedaço por pedaço o texto dele, vou explicar minha posição. E o fato que você precisa entender antes de qualquer coisa é: Estamos falando de algo muito maior do que a possibilidade de dois gays assinarem um papel ou adotarem uma criança.

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