Política

“Não mereço mulher rodada” e a politização de tudo

Descobri hoje que está rolando uma campanha “não mereço mulher rodada” e gostaria de falar uma coisinha: Por favor pessoal, para que tá passando vergonha.

Primeiro, vamos ser bem claros num ponto: Ninguém é obrigado a se relacionar com ninguém. Não existe essa de “machismo” ou “preconceito”. Eu posso ter como regra que só quero mulheres virgens, assim como posso estabelecer que só quero mulheres que tenham uma cicatriz no pescoço, ou mulheres que usem óculos. Cada pessoa tem suas preferências. A escolha de quem será sua esposa, aliás, não é objetiva. Eu posso estipular 30 características, surgir alguém que se encontre perfeitamente nelas e recusar. Ninguém é obrigado a querer ninguém e não é esse o problema.

O problema desse movimento é que ele mostra um fenômeno social, a politização de tudo. Esse movimento eu imagino que tenha vindo de redutos da direita conservadora anti-feminista — onde sobra vontade de salvar o mundo e falta, na maioria das vezes, vontade de estudar como o mundo funciona — e por causa disso, ele cai numa armadilha política, sem perceber: Essas pessoas só conseguem ver o mundo como uma guerra política. Pensemos um pouco mais sobre isso:

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Fast Food: A ditadura de 64

Pessoal fala muito da Ditadura de 64 e tem gente pedindo intervenção militar, mas é bom frisarmos um ponto muito importante: Apesar de ser uma ditadura (e ser uma merda por isso), o Brasil deu MUITA SORTE nela. Explico:

1° – Do ponto de vista de ditaduras, 64 foi até bem pacífica. Em 70 tinhamos 94 milhões de Brasileiros praticamente. As vítimas são aproximadamente 2 mil em duas décadas. Ou seja, cem pessoas por ano. consideremos ditaduras relativamente pacíficas, que contaram com apoio da população e praticamente só mataram a oposição (e vou ser ainda mais gentil, pegarei a população de HOJE):

Cuba de Fidel teve 17 mil mortes em 11 milhões de pessoas, 72 vezes mais do que a ditadura brasileira. Chile de Pinochet, 20 mil mortos em 17 milhões de pessoas, 55 vezes mais do que a ditadura Brasileira. Che Guevara, sozinho, mandou matar 1800 pessoas, ou seja, um único homem numa ilhota matou mais do que duas décadas de ditadura.

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O piá do prédio vs O Excelso ser – Parte II

No texto passado, ficou algumas lições básicas sobre a lei e a moral e suas diferenças. Me focarei em três aspectos da lei nesse texto: A coerência interna (segurança jurídica), o uso da violência para cumprir seus objetivos (coerção) e o princípio norteador da lei democrática (isonomia). Para tanto, é necessário explicar o valor de cada uma das três coisas e assim poderemos, dessa vez, entrar no assunto que é: Casais homossexuais adotando crianças abandonadas.

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O piá do prédio vs O Excelso ser – Parte I

Esse é um texto difícil de começar a escrever, porque quero fazer o exato oposto do que me manda os instintos. Cresci lendo pessoas que debatem com sangue nos olhos e admirando esse tipo de gente, que fala a sua opinião sem falsas delicadezas ou modéstias, de forma direta e clara. O instinto básico, para mim, é seguir esse tipo de embate, que vemos, por exemplo, na acidez do Olavo de Carvalho ou no sarcasmo do Ben Shapiro. Mas lembrei do grande debate do Flavio Morgenstern contra o Igor Fuser e acho que as pessoas que tem algum interesse em ver a sociedade melhorar deve buscar não debater como um político que deseja vencer, mas tentar informar e expor sua opinião, com tranquilidade e serenidade. Então, no lugar de responder pedaço por pedaço o texto dele, vou explicar minha posição. E o fato que você precisa entender antes de qualquer coisa é: Estamos falando de algo muito maior do que a possibilidade de dois gays assinarem um papel ou adotarem uma criança.

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Devemos cobrar mais impostos dos ricos?

Já disse que uma das coisas mais importantes em se entender de economia é que o dinheiro funciona da mesma forma em todos os pontos da economia. O dinheiro do governo é o mesmo do empresário, que é o mesmo do médico, que é o mesmo do operário. Dessa forma, com analogias, você consegue perceber melhor uma péssima ideia.

Peguemos um exemplo simples: Taxar mais os mais ricos (defendido, hoje, pela Luciana Genro). Os mais ricos são ricos porque investem esse dinheiro, ou seja, esse é o “trabalho” deles. Então comecemos por isso para entender o problema.

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Fast Food – Um detalhe sobre a lei

“O problema real de tentar revolucionar uma sociedade assinando o nome da presidente, com a sua belíssima Montblanc, é acreditar, inocentemente, que um artigo mal redigido não pode ser utilizado de má-fé.”

Quando eu escrevi esse texto, estava pensando nos progressistas que defendem uma lei que gera o efeito contrário sem perceber isso, porque os seus superiores mandaram. Por outro lado, o fato é que o conservador, tão acostumado à apontar como os liberais caem nos truques dos políticos mal intencionados, caem como um patinho nesse aqui.

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Por que sou liberal?

No mundo da ciência política (ou pelo menos do palpite política, já que a maioria não ultrapassa a opinião amadora, eu incluso), existem inúmeros rótulos possíveis e inúmeros podem se encaixar bem para sua posição, tendo discordâncias pontuais. Eu por exemplo, posso ser considerado um conservador em alguns pontos e um social-democrata em outros e ainda poderia ser liberal. Por outro lado, prefiro”liberal”, que é um termo bem mais vago. Então por que me considero liberal?

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Tratado sobre o óbvio

Está lançado um livro introdutório sobre política. Na aba das páginas, além do “sobre o blog” tem agora “Tratado sobre o óbvio”, com uma pequena explicação sobre o que ele trata e do objetivo básico dele, assim como pouco mais de 80 páginas de texto escrito, em linguagem acessível e bem humorada (ao menos, em comparação aos tediosos textos acadêmicos que você irá encontrar por ai), totalizando 34 mil palavras da mais pura obviedade, respondendo perguntas como “O que é capitalismo?”, “É possível fazer socialismo sem revolução?” e principalmente, “Existe alguma boa teoria na ciência política fora do marxismo?”.

E o melhor de tudo: É de graça. Leia lá, tu não tem nada a perder mesmo…

Movimentos sociais: Introdução

Esse texto tem por objetivo introduzir uma série, que comentará de forma minuciosa, analisando fatos, um aspecto merecedor de diversas críticas do pessoal “politizado”: Os movimentos sociais. Analisarei com o tempo, movimento à movimento, mas antes de qualquer coisa, preciso explicar os problemas gerais. A primeira dúvida é: O que é um movimento social?

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O coxinha

O que são palavras quando não tem um significado claro? Um mero conjunto de signos que podem ser sonorizados. Mesmo que não usemos os conceitos corretos para a palavra, é necessário que ela tenha no mínimo algum conceito. Assim, se reacionário é “o defensor da evolução paulatina da sociedade, através do debate e do próprio ensinamento do tempo” ou se é “aquele que deseja que a sociedade retroaja”, tem se uma palavra que no mínimo significa algo, por mais errado que esse significado possa ser. Por outro lado, as vezes vemos palavras que não entendemos o que a pessoa quis dizer. O melhor exemplo? O termo “coxinha”.

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